Dr. Wilton Santana

RISCO CIRÚRGICO

O que é risco cirúrgico? Como ele é feito? Qual sua importância? Qual especialista faz? Quais exames devo fazer?

O que é risco cirúrgico?

Quase sempre que uma pessoa for submetida a um procedimento cirúrgico, é necessário que o cardiologista avalie as condições de saúde dela e o risco cardiovascular que tal procedimento oferece à esta pessoa. Essa avaliação é popularmente conhecida como risco cirúrgico ou risco cirúrgico cardiológico ou, ainda, avaliação pré-operatória.
Nela, o cardiologista avalia o estado de saúde do paciente, o risco ou porte do procedimento e, dependendo dessa avaliação, ele define se finaliza a avaliação, se será necessário fazer alguns exames antes do procedimento ou adiar a cirurgia.  
Quando falamos risco cardiovascular, estamos falando da possibilidade de uma pessoa ter um infarto ou descompensar uma doença cardíaca que já possua, como insuficiência cardíaca, hipertensão ou arritmia. 

Doutor, tem como dar um exemplo?

Tem sim! Exemplificando fica melhor…
Imagine uma pessoa de 25 anos, sem nenhum sintoma e sem nenhuma doença que será submetido à retirada da vesícula. Muito provavelmente essa pessoa não precisará fazer nenhum exame e terá um risco de complicação cardiovascular muito baixo durante o procedimento e nos primeiros dias após a cirurgia.  
Agora, imagine uma pessoa de 75 anos, que se queixa de cansaço ao andar um quarteirão, que tem pressão alta e diabetes, que já teve infarto e que será submetida ao mesmo procedimento, retirada da vesícula.
Note que essa pessoa tem uma saúde muito mais frágil que a primeira e, provavelmente, terá que ser submetida a alguns exames antes de realizar a cirurgia. Por conta do estado de saúde dela, o risco de complicações cardiovasculares é maior. 
Então, perceba que a cirurgia é a mesma, ou seja, o risco inerente ao procedimento é o mesmo, mas os riscos inerentes aos pacientes são bem diferentes, o que determina posturas diferentes do médico que está avaliando esta pessoa.  
Vale ressaltar que nesse texto estamos falando apenas do risco cirúrgico para cirurgia não-cardíaca. Para cirurgia cardíaca, a abordagem é diferente, mas os objetivos são os mesmos, aumentar a segurança do paciente e do sucesso do procedimento. 

Quem é o médico de Risco Cirúrgico?

O médico especialista em Risco Cirúrgico é o Cardiologista.
Dr Wilton Santana é Cardiologista e realiza risco cirúrgico em BH. Atende atualmente em consultório na Região Hospitalar de Belo Horizonte. É, ainda, Médico Cardiologista do Hospital LifeCenter, onde cuida de pacientes que foram operados.

Dr Wilton Santana é Cardiologista pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Especialista em Cardiologia Pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. 

O que o risco cirúrgico não é?

Ao atender pessoas que serão submetidas a algum procedimento é comum elas me dizerem que querem liberação para o procedimento. Porém, a função do cardiologista quando avalia um paciente que será submetido a uma cirurgia não é dizer se ele está liberado ou não.
A função dele é avaliar o risco do procedimento para a pessoa e propor intervenções que minimizem esse risco, caso seja possível.  
Novamente, exemplificando fica mais claro… 
Considere o paciente anterior, de 75 anos, que será submetido à retirada da vesícula. Como vimos, ele possui um risco alto de ter alguma complicação cardíaca durante o procedimento ou nos primeiros dias após a cirurgia…

Qual a função do cardiologista nesse contexto então?    

Nesse caso, o cardiologista deve se perguntar:

    • O tratamento desse paciente está otimizado?
    • Porque ele está tendo falta de ar?
    • Será que posso melhorar a falta de ar dele?
    • Será que é necessário realizar algum exame antes para saber porque ele está com essa queixa?
    • E o diabetes dele, está controlado?
    • A pressão está na meta desejada?

Logo, diante desse cenário, o cardiologista pode adotar algumas condutas para que o paciente seja submetido ao procedimento nas melhores condições clinicas possíveis, minimizando o risco de haver alguma complicação.

Qual a importância e qual médico faz o risco cirúrgico?

Como visto nos tópicos anteriores, ser avaliado antes da cirurgia é de suma importância para que aumentem as chances do procedimento ser bem sucedido, minimizando os riscos para o paciente. 
O risco cirúrgico é feito pelo cardiologista porque o coração é o órgão  submetido ao maior estresse durante uma cirurgia. Porém, isso não exclui a possibilidade de um médico de outra especialidade participar da avaliação. Por exemplo, diante de um paciente que possua uma doença pulmonar grave, a avaliação do pneumologista pode ser necessária.
Resumindo, essa avaliação é fundamental para que o procedimento tenha sucesso e seja feito de maneira segura.

Quem precisa fazer risco cirúrgico?

A rigor, alguns procedimentos de baixo risco, como cirurgia superficial ou dermatológica, cirurgia oftalmológica…não necessitam de avaliação pré-operatória porque oferecem muito baixo risco ao paciente.
Porém, a consulta com o cardiologista antes de um procedimento cirúrgico é uma janela de oportunidade para diagnóstico ou rastreio de algumas doenças, como pressão alta, diabetes ou colesterol elevado. Mas entenda, o fato de uma pessoa ter alguma dessas doenças não a impede de ser operada. Assim, mesmo que não haja indicação de realizar risco cirúrgico, passar por um cardiologista antes pode ser benéfico, principalmente se a pessoa não faz acompanhamento médico regular. 

Qual a diferença entre risco cirúrgico e risco anestésico? 

Bom, o risco cirúrgico já foi explicado acima. 
Ele consiste basicamente em avaliar o risco do procedimento e o risco relacionado à saúde do paciente e deixar a pessoa na melhor condição de saúde possível de maneira a minimizar o risco de algum problema. 
Já o risco anestésico é realizado por um anestesiologista, geralmente após o risco cirúrgico ter sido realizado pelo cardiologista. O objetivo principal, mas não único da avaliação pré-anestésica, é avaliar a capacidade do paciente em tolerar a anestesia durante o procedimento.

Quais exames preciso para fazer o risco cirúrgico?

A decisão de quais exames solicitar é individualizada, depende da saúde do paciente e do porte do procedimento que será realizado.  
De acordo com a Sociedade Europeia de Cardiologia, praticamente todos os pacientes que serão submetidos a procedimento de baixo risco não precisam realizar nenhum tipo de exame.  

E quais são os procedimentos considerados de baixo risco?  

São vários: cirurgia na mama, procedimentos dentários, algumas cirurgias endocrinológicas, como da tireoide, cirurgias oftalmológicas, alguns procedimentos ginecológicos, cirurgias superficiais (geralmente dermatológicas), alguns procedimentos urológicos e ortopédicos.  
Então, de um modo geral, para ser submetido a um desses procedimentos não é necessário realizar exame, porém pode ser que seu médico julgue necessário fazer um ou outro exame. Como eu disse, a solicitação de exames é individualizada, porém sempre deve ter como norte as diretrizes médicas mais atuais. 

O que fazer com os medicamentos que tomo? Devo parar? 

Não há uma regra que se aplique a todos medicamentos. Há medicamentos que devem ser interrompidos alguns dias antes do procedimento, outros, um dia antes, outros não devem ser interrompidos e há aqueles para os quais não há restrições. Mas não se preocupe, seu cardiologista te informará sobre como proceder em relação aos seus medicamentos.

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